Nota de esclarecimento: Os termos “ostoma” e “ostomia” não são encontrados nos dicionários atuais, sendo o termo correto “estomia”. No entanto, é frequente o uso do termo “ostomia” e “ostoma” na literatura e historicamente falando, sendo termos adotados nas designações de serviços e entendidades (inclusive o Grupo de Apoio a Pessoa Ostomizada – GAO). Considerando o uso do termo “ostomizado” inclusive pelo Ministério da Saúde, justificamos o uso do mesmo ao longo das publicações do grupo.
O QUE É ?
A estomia é uma abertura localizada no abdômen, resultante de uma cirurgia que possui como objetivo um novo caminho alternativo para a saída de fezes ou urina, por meio da comunicação do interior do abdômen com o exterior.
CAUSAS PRINCIPAIS
Existem diversos motivos para a realização de uma estomia, sendo as causas mais comuns o câncer em algum segmento do aparelho gastrointestinal ou do sistema urinário, doença diverticular, doença de Crohn e malformações congênitas, como ânus imperfurado.
Segundo as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), nos anos de 2014-2015, os cânceres de cólon e reto representaram o quarto mais prevalente no sexo masculino e o terceiro no sexo feminino, sem contar o aumento de doenças inflamatórias intestinais e outros tipos de câncer como o de bexiga, útero e ginecológico.
FISIOLOGIA TRATO GASTROINTESTINAL E URINÁRIO
O trato gastrointestinal consiste na passagem do alimento da boca até o ânus. O trato gastrointestinal está envolvido na digestão de alimentos, absorção de nutrientes para fornecer energia para as células do corpo e eliminação de resíduos, sendo dividido em várias seções. O intestino delgado é composto pelo duodeno, jejuno e íleo, onde os produtos da digestão, incluindo nutrientes e líquidos, são absorvidos pela corrente sanguínea. Os produtos residuais percorrem ao longo do cólon, que é composto pelo ceco, cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente e cólon sigmóide. As fezes e os flatos são formados no cólon e eliminados pelo ânus.
O sistema urinário ou renal é composto por dois rins, dois ureteres, a bexiga e a uretra. O sistema urinário é responsável pela formação e excreção da urina, que é formada e depois armazenada na bexiga até ser excretada pela uretra.
A formação da estomia é resultado da exteriorização de uma alça do intestino ou sistema urinário, sendo que esta precisa ter mobilidade e tamanho adequado, sendo os mais utilizados o íleo, o cólon transverso e o sigmoide.
Fonte: SCHUNKE; SCHULTE; SCHUMACHER, 2007.
NOMENCLATURA E EFLUENTES
Dependendo do local onde é feita, a consistência das fezes e a frequência das evacuações pode variar, mudando também o nome da estomia:
A consistência das fezes também pode variar de indivíduo para indivíduo e de acordo com a dieta. É necessário um equipamento chamado bolsa de colostomia para coletar fezes e de urostomia para coletar urina para a coleta dos efluentes, que serão aprofundados nas próximas publicações.
Fonte: Torres, 2016
PERMANÊNCIA
Quanto a permanência, a estomia pode ser classificada em definitiva ou temporária:
- Definitiva é aquela que não possui possibilidade de reversão, ou seja, não é viável que o trato gastrointestinal volte ao seu funcionamento original, visto que foi necessário retirar uma estrutura que garantia o funcionamento do mesmo. Exemplo: retirada do esfíncter anal, ou de todo o reto, que impossibilitaria o funcionamento fisiológico do intestino
- Temporária é aquela construída para manejo de sintomas ou tratamento, sendo mantidas as estruturas do trato gastrointestinal e possibilitando a reversão da estomia e retorno à função gastrointestinal fisiológica.
COMPLICAÇÕES
As possíveis complicações relacionadas ao estoma podem ser imediatas (primeiras 24h após a cirurgia), precoces (entre o 1º e o 7º dia) ou tardias (após a alta hospitalar). As principais complicações são: abcesso, dermatite, edema, estenose, foliculite, varizes periestomais, hemorragia, hérnia periestomal, necrose, prolapso e retração. As complicações serão abordadas com mais detalhes nas próximas publicações.
Referências
BACELAR, Simônides et al. Expressões médicas errôneas. Erros e acertos. Brasília: 2004. p. 582 – 584.
BRASIL. Portaria Nº 400, de 16 de Novembro de 2009: Diretrizes Nacionais para a Atenção à Saúde das Pessoas Ostomizadas no âmbito do SUS. Brasília.
Cuidados com a sua estomia intestinais urinárias: orientações ao usuário / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. 2. ed. – Rio de Janeiro: Inca, 2018. 20 p.; il.
GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO. MANUAL DE ORIENTAÇÃO AOS SERVIÇOS DE ATENÇÃO ÀS PESSOAS OSTOMIZADAS. Vitória: Secretaria de Saúde, 2017. 180 p.
SCHUNKE, Michael; SCHULTE, Erik; SCHUMACHER, Udo. Prometheus, atlas de anatomia: pescoço e órgãos internos. In: Prometheus, atlas de anatomia: pescoço e órgãos internos. 2007.
TORRES, Priscila. Ileostomia e Colostomia – Como são? Quem precisa fazer? Quais as possíveis complicações?2016. Disponível em: <https://artritereumatoide.blog.br/ileostomia-e-colostomia-como-sao-quem-precisa-fazer-quais-as-possiveis-complicacoes/>. Acesso em: 03 abr. 20019.